Às vezes, é melhor pagar mais caro do que fazer economia burra

Júlia Mendonça

Júlia Mendonça é formada em comércio exterior pela Universidade Positivo. Atuou como planejadora financeira entre 2015 e 2018. Especialista em orientação e planejamento financeiro pessoal, é coach e consultora de finanças, pós-graduada em investimentos, finanças e banking. É influenciadora digital no nicho de finanças e investimentos em um dos maiores canais do assunto na área do Brasil.

18/02/2021 04h00

Eu sofro com insônia e torcicolo. Esses dois problemas me acompanham desde muito nova. Dormir em um travesseiro um pouco diferente do meu ou em um colchão mais mole (gosto de colchão duro quase como uma tábua de passar roupas) é o suficiente para eu passar a noite acordando e amanhecer com o que chamam de “nó na coluna”.

Já comprei todos os travesseiros imagináveis e com várias espessuras distintas. Já tentei de tudo, mas nada tem um efeito prolongado. No máximo passo umas 2 ou 3 semanas sem aquela dor que não deixa virar o pescoço para o lado.

Gastar para experimentar

O que isso tem a ver com finanças? Bom, já gastei muito dinheiro tentando arrumar meu sono e agora é muito difícil eu acreditar em novas promessas. Por isso, gastar R$ 40 já considero um valor muito alto para experimentar um novo travesseiro.

Se não funcionar, o incômodo vai ser muito maior. Ficarei no mínimo uns 3 dias com aquela dor horrível e sem poder me movimentar e provavelmente acabarei indo a um fisioterapeuta para me destravar. Ou seja, aquele gasto já vai aumentar, e muito.

A dúvida

Estava navegando por uma rede social e eis que surge um anúncio de um travesseiro revolucionário. Este sim tem todo jeito de que vai resolver meus problemas. É ergonômico, encaixa perfeitamente na nuca e promete uma noite de muito descanso. Por um segundo fico feliz! Entro no site para fazer minha aquisição e o valor me causa uma verdadeira insônia. R$ 250 para um único travesseiro.

Se de verdade nunca mais tiver nenhum problema, nenhum novo gasto com medicamentos, óleos ou fisioterapia, o valor sai muito em conta. Pagar apenas R$ 250 para nunca mais me incomodar realmente está barato. Porém, não achei recomendações nem relatos de pessoas que conhecem e/ou usam esse produto. Desisti da compra, porém com o coração um pouco partido.

Economias burras

Essa história mostra que muitas vezes vemos somente o preço em si e não o valor que ele carrega. O preço pode ser alto, acima da concorrência, porém o valor que agrega em nosso dia a dia é muito maior e gera uma economia grande. Se você consegue enxergar o quanto vai conseguir economizar e se esse custo sai mais em conta do que o produto ou serviço que está contratando, com certeza vale a pena.

Se você encontra algo que realmente vale a pena, por mais que no momento você não tenha dinheiro suficiente para pagar por aquilo, dedique-se ao longo de alguns meses para poder adquiri-lo. Vale a pena o esforço e você será recompensado não apenas em uma fatura de cartão de crédito, mas por muitos anos. O problema é descobrir quando isso realmente vale o sacrifício.

Como somos bombardeados por informações e propagandas, fica difícil saber quando realmente estamos vendo uma oportunidade ou é apenas mais um produto ruim com preço altíssimo. Mencionei que encontrei esse super travesseiro em uma propaganda e agora já estou sendo atacada por diversas outras lojas que têm um produto similar. Infelizmente, até achar algo que realmente seja eficaz e que valha o preço x valor, para mim, neste momento, restam minhas noites em claro e alguns torcicolos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Fonte: https://economia.uol.com.br/colunas/descomplique/2021/02/18/o-preco-nao-deve-importar-mais-do-que-o-valor.htm