Amazon deve sofrer pressão crescente de sindicatos nos EUA em 2021

23/12/2020 13h20

Por Jeffrey Dastin e Krystal Hu

(Reuters) – Em 2021, a Amazon.com deve enfrentar um desafio renovado de grupos há muito conhecidos: os sindicatos. Energizados por protestos nos centros de distribuição da empresa nos Estados Unidos e por um governo mais favorável aos trabalhadores, sindicatos estão fazendo campanha na varejista online para filiação de funcionários.

Um grande teste é esperado no início de 2021, quando os trabalhadores de um depósito da companhia decidem se vão se sindicalizar. A empresa não enfrenta uma eleição sindical nos EUA desde 2014 e um voto “sim” seria o primeiro de uma unidade da Amazon no país.

Segunda maior empregadora privada dos EUA, só atrás do Walmart, a Amazon disse aos trabalhadores que já oferece salários e benefícios prometidos pelos sindicatos e treinou gerentes para detectar atividades de organização. A empresa quer evitar o que aconteceu neste ano na França, quando sindicatos locais precipitaram o fechamento de centros logísticos.

A próxima votação é no centro de distribuição da Amazon em Bessemer, Alabama; eles decidirão se aderem ao Sindicato do Varejo, Atacado e Loja de Departamento (RWDSU).

Nesta semana e na última, a RWDSU e a Amazon negociaram os termos eleitorais. Na terça-feira, eles concordaram em ter trabalhadores sazonais na unidade de negociação, bem como assistentes de processo, cuja inclusão o sindicato havia questionado para sua autoridade de fiscalização. Esse conselho definirá a data da eleição.

Quanto maior o tamanho da unidade, agora estimada em mais de 5.700 pessoas, mais votos o sindicato precisa para ganhar.

Em comunicado, a Amazon disse: “Não acreditamos que este grupo represente a maioria das opiniões de nossos funcionários.”

“Nossos funcionários optam por trabalhar na Amazon porque oferecemos alguns dos melhores empregos disponíveis em todos os lugares que contratamos”, acrescentou a empresa. O salário médio na instalação de Bessemer é de 15,30 dólares por hora, e os empregos vêm com benefícios de planos de saúde e aposentadoria, disse a companhia.

O precedente mostra que o RWDSU enfrenta uma batalha difícil. A filiação sindical caiu para 10% da força de trabalho elegível em 2019, de 20% em 1983, segundo informou a agência de estatísticas dos EUA informou em janeiro.

Os trabalhadores da Amazon também estão se organizando em outros lugares. Alexander Collias, caixa da subsidiária Whole Foods, da Amazon, disse que tem participado de greves porque a pandemia colocou a saúde dos trabalhadores em risco.

Defensores trabalhistas dizem que a administração do presidente-eleito Joe Biden está posicionada para ajudar nos esforços sindicais, tornando o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas dos EUA menos vinculado aos interesses corporativos e apoiando a Lei de Proteção ao Direito de Organização (PRO).

O projeto foi aprovado pela Câmara dos EUA em fevereiro e adiciona penalidades para empresas que dificultam a organização dos trabalhadores. A aprovação do Senado está longe de ser garantida. Sua aprovação ajudaria a nivelar o campo de jogo para os trabalhadores, disse Stuart Appelbaum, presidente da RWDSU, cujo Conselho do Meio-Sul está envolvido na campanha sindical do Alabama.

Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/reuters/2020/12/23/amazon-deve-sofrer-pressao-crescente-de-sindicatos-nos-eua-em-2021.htm