-
Geromel renova contrato com o Grêmio por mais duas temporadas - 4 hours ago
-
Bahia x Athletico: prováveis times, onde ver e desfalques - 4 hours ago
-
Cuiabá bate o Paraná em Curitiba e fica a um ponto da Série A - 4 hours ago
-
Trump manda investigar riscos de segurança nos drones chineses - 4 hours ago
-
Netflix supera expectativas em adições de assinantes no 4º tri - 4 hours ago
-
Trudeau diz que Canadá pressionará Biden para salvar oleoduto binacional Keystone - 4 hours ago
-
Virtus GTS e Jetta GLI: dois estágios em sedãs esportivos na VW - 4 hours ago
-
Ford e MS-RT lançam versão especial da Ranger com visual agressivo no Reino Unido - 4 hours ago
-
Porsche Taycan ganha versão ‘básica’ com tração traseira por R$ 589.000 no Brasil - 4 hours ago
-
Yellen defende pacote fiscal de Biden e fala em ‘agir com grandeza’ contra crise - 4 hours ago
Agora é lei: EUA podem prender quem se dopar em qualquer lugar do mundo
Demétrio Vecchioli
Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Dedicado à cobertura de esportes olímpicos, escreveu para o UOL, para a revista Istoé 2016, foi colunista da Rádio Estadão e, antes do Olhar Olímpico, manteve o blog Olimpílulas. Neste espaço, olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. No Olhar Olímpico têm destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa. Se você tem críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas, escreva para [email protected]
O presidente dos Estados Unidos, NBA e a MLB, que são mundialmente criticadas serem complacentes com o doping.
A Lei Rodchenkov havia sido aprovada por unanimidade tanto na Câmara quando no Senado dos Estados Unidos, apesar dos crescentes apelos da comunidade internacional explicando que uma medida assim derrubaria toda a ordenação jurídica do combate ao doping mundial. O presidente Trump, porém, não hesitou em sancioná-la.
A lei faz referência ao ex-diretor do laboratório antidoping russo Grigory Rodchenkov, delator do esquema que funciona na Rússia, e que hoje vive em local desconhecido nos Estados Unidos. Ele é mundialmente conhecido por ser o protagonista do documentário Ícaro, Oscar de melhor documentário de 2018.
Quando o projeto estava para ser votado no Senado, a Agência Mundial Antidoping (Wada), que disse, em comunicado, que “continua preocupada que, ao exercer unilateralmente a jurisdição criminal dos Estados Unidos sobre todas as atividades globais de doping, a lei provavelmente prejudicará o esporte limpo, colocando em risco parcerias essenciais e a cooperação entre as nações”. Pela lei, atletas do mundo todo podem ser presos pelos EUA, exceto os das grandes ligas do país, que seguem submetidos apenas às regras próprias dessas ligas, que não são signatárias do Código Mundial Antidoping e têm punições bem mais brandas.
No comunicado distribuído quando o projeto chegou às mãos de Trump, a Wada explicou por que a lei é perigosa, ainda que tenha nascido de boas intenções, porque sua ‘extraterritorialidade irá minar o luta contra o doping em todo o mundo”. “Nenhuma nação jamais declarou jurisdição criminal sobre crimes de doping que ocorreram fora de suas fronteiras nacionais, e por um bom motivo. É provável que leve à sobreposição de leis em diferentes jurisdições que comprometerão a existência de um único conjunto de regras antidopagem para todos os esportes e todas as Organizações Antidopagem de acordo com o Código Mundial Antidopagem. Isso terá consequências negativas, uma vez que a harmonização das regras está no cerne do sistema antidopagem global”, continua a Wada.
A agência lembrou que outros países vão se sentir na liberdade de também aprovarem leis que poderiam levar atletas norte-americanos à prisão. “Esta lei pode levar outras nações a adotar legislação semelhante, sujeitando assim os cidadãos dos EUA e entidades esportivas a jurisdições extraterritoriais e sanções criminais semelhantes, muitas das quais podem ser de natureza política ou impostas para discriminar nacionalidades específicas. Isso será prejudicial para os esforços antidoping em todos os lugares, incluindo nos EUA”, afirma a agência internacional.
Pelo projeto, as agências norte-americanas passariam a ter poder legal de denunciar atletas dopados para a Justiça, em mecanismo semelhante ao que levou às prisões americanas alguns dos principais dirigentes do futebol sul-americano, incluindo o brasileiro José Maria Marin.
Ainda que seus crimes não tenham sido cometidos nos Estados Unidos, seus atos prejudicaram empresas norte-americanas e, por isso, entraram na jurisprudência da Justiça daquele país. O mesmo princípio seria aplicado no doping: um atleta que se dopar e competir contra um norte-americano poderia ser julgado pelos EUA e condenado à prisão em solo norte-americano, correndo o risco de ser deportado por países com quem os EUA têm acordo de extradição.
Mesmo eventos sem a participação dos Estados Unidos poderiam ser prejudicados, caso empresas norte-americanas sejam patrocinadoras ou mesmo proprietárias de direitos de transmissão dessas competições, como os Jogos Asiáticos ou uma Copa do Mundo para a qual a seleção norte-americana não se classificar, por exemplo.
Fonte: https://www.uol.com.br/esporte/colunas/olhar-olimpico/2020/12/05/agora-e-lei-eua-podem-prender-quem-se-dopar-em-qualquer-lugar-do-mundo.htm